A morte do amor





Todo amor morre. Sinto em ser portadora dessa triste e inoportuna notícia, mas todo amor morre. Amores bonitos, impulsivos, cúmplices, rotineiros, juvenis, maduros, impossíveis, platônicos, correspondidos: todos eles morrem. Não importa se são bonitos e sinceros: todos morrerão. De forma súbita ou lenta. Mas a maioria morre mesmo é de “morte matada”.

O amor morre na ignorância e estupidez dos seres humanos. Morre na constante busca pela “massagem no ego”, pela satisfação pessoal em querer e ter sempre alguém diferente. O amor morre quando nos traímos: ao que sentimos, ao que queremos, ao que prometemos. Na verdade o amor morre quando a gente trai a nossa essência. Pior do que trair a confiança do outro é trair a nós mesmos. O amor morre nas palavras não ditas. Nas palavras ditas em excesso. Nos exageros de vaidade. Na ausência, e morre na presença de quem nunca está.

O amor vai morrer e todas as lágrimas secarão. Não há porque escorrer lágrimas de saudades ou ansiedade para o que não existe mais. Não há como sentir falta do que nunca existiu. A saudade, assim como todos os sentimentos que vem juntos com o amor, é viva e lateja por aquilo que respira. Não há como correr sangue pelas veias por algo que morreu. Por um cadáver de sentimento.

Todos os amores morrem e vão para o céu dos sentimentos ou para um lugar bem escondido dentro da nossa alma. A alma guarda e suporta para quem sabe um dia - esse amor - volte a nos fazer acreditar que de alguma forma, a próxima vez será eterna.


Quando é amor...




Um “viva” ao amor que não nos sufoca. Que não nos prende a todo custo. Aquele amor que não “precisa está perto para estar junto”, que mesmo longe compartilha o melhor da vida com você.

Amor que é amor, não precisa de explicação, justificativas ou razões para existir. A gente sente, e pronto. Amor que não nos tira o sorriso, que não nos cobra a perfeição ou coerência. Aliás, coerência para quê?

Amor quando é amor mesmo, entende, espera, supera, sobrevive, resiste. Apesar de tudo, apesar do tempo e apesar dos pesares. Amor quando é amor, não existem “donos”, existem cúmplices, que se admiram, se apoiam, se sentem. Não é preciso estar “lado a lado”. É preciso estar dentro.

Amor quando é junto, é intenso, em dobro, maiúsculo, alegre... Nada mais importa no momento do encontro em um. Somente a vontade de se olhar, sorrir, conversar, se entrelaçar.

Amar não é sofrer. É poder. É ser. E crer que tudo vai dar certo. Que a hora vai chegar, que as mãos dadas serão mais frequentes e sinceras.

Amor quando é amor, não precisa de exposição, de aprovação pública ou “honras públicas ao mérito”. Amor quando é amor é entre dois, que por si só se bastam.

 Como nos diz Fabrício Carpinejar,

“Liberdade na vida é ter um amor para se prender. É aquela vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia e de pés dados durante a noite”.