Sonho





Essa noite sonhei com você. Foi estranho, porque desde o dia em que você se foi eu nunca mais sonhei com você. Eu lembro que meses antes de você ir, eu sonhei com você uma semana inteira. Todas as noites. Diversos sonhos.

Na verdade parei de sonhar com você porque pedia sempre para não sonhar com você. Bloqueei você da minha mente desde o dia em que você se foi e eu não estava lá para dizer “então até um dia”.

Saber que parte da minha vida se encerrava ali era dolorido demais para acreditar que aquele nosso cotidiano está guardado comigo e eu  não vou mais poder me aconchegar no seu colo e relembrar os “melhores momentos de nossas vidas”.

As pessoas que te conheceram mais nova, me acham parecida com você. O olhar, o jeito, a aparência física. E às vezes eu fecho os olhos para fixar a sua imagem na minha memória e fotografa-la para nunca mais esquecer que você se parece comigo e eu pareço com você.

Nem sei onde quero chegar com esse texto. Na verdade eu sei. Eu não quero chegar. Quero voltar. Quero voltar para os primórdios da minha infância e te ver novamente, mais uma vez, fazendo o meu café da tarde e, após isso, dizer para todo mundo que “eu não almocei direito, mas o meu lanche da tarde me reforça”. Ou ver você me defendendo de alguma peraltice e do qual “eu nunca tinha culpa de nada”.

Talvez você apareceu no meu sonho para dizer “que nem tudo está perdido” ou que “viva e deixe viver”. Eu sei por que você apareceu. E eu sei que não estou sozinha nessa vida.