Menos




Eu queria muito ser um pouco menos dramática, chorona, insegura, louca, teimosa. Queria muito ser menos. Diminuir, abstrair, absorver, controlar. Não consigo, eu sou muito mais. Demais, mais, mais, mais... Eu tento abraçar o mundo, ao mesmo tempo, a toda hora, passando da conta. Quando me percebo estou lá: com a pontinha do pé, na beira do abismo, pronta pra ser engolida pela crua e real realidade.

A minha realidade é que eu sou exageradamente passional. Quando quero, eu quero muito. Quando eu choro, eu choro muito. Quando me decepciono, eu me decepciono muito. Meu Deus queria um pouquinho, só um pouquinho ser menos, para deixar de dar minhas lágrimas de bandeja por aí. Chega dessa dor no estômago, desse soco imaginário bem lá na boca do estômago. Me deixa ser menos, porque eu não consigo mais ver minhas vontades, meus sonhos irreais, ultrapassarem os meus limites e me levarem junto, para depois me jogarem lá de cima, sem dó nem piedade.

Preso na vida de quem?






Acabei de tirar minhas fotos pessoais do blog. Acabei de vê-las por aí pela net como se fossem figurinhas fáceis de achar. Disponíveis para qualquer um pegar e fazer delas o que quiser. E não vejo somente as fotos por aí, vejo frases minhas, trechos dos meus textos sem ao menos citarem a fonte. Sim, tudo bem, talvez não seja a próxima a entrar para a Academia Brasileira de Letras, mas todas as coisas que escrevo por aqui são minhas, exclusivamente minha e das pessoas que se propõem a ler, a comentar, a reler e copiar, que seja, desde que citem a fonte.

Sabe, eu fico pensando que o pior de ser fake pela net, é ser fake na vida. Esse é o pior. Ser fake – ou falso, que seja – é o fim do poço para aquele que não está contente com a sua vida e vai viver a vida dos outros ou uma vida imaginária. Ninguém é perfeito,  nós todos temos defeitos, somos feios, bonitos, ricos, pobres, burros, inteligentes, gordos, sarados, os mais mais do top 10 e por aí vai. E cabe a nós, mudar. Mudar para pior, melhor, muito melhor, que seja, mas cabe mudar.

A palavra mudança dói, amedronta, dá frio na espinha – dá frio em mim também – mas não há outra chance de buscar a felicidade do que mudar o que te incomoda. É difícil – eu sei o quanto é -, mas o primeiro passo é ficar na frente do espelho e se olhar, não superficialmente, mas para dentro da alma, olhar nos olhos e ver, realmente, o que te incomoda, o que te causa aquela ruga, aquela lágrima, aquela dor no estômago, aquela abstinência de coisa boa toda vez que você vai dormir e não consegue. Esse é o primeiro passo, o mais difícil.

Não adianta fugir, por mais que você continue com essa vidinha de fantasia, vai sempre chegar uma hora que a ficha vai cair – geralmente a gente cai antes das fichas, sabia? – e aí você vai fazer o que? Vai procurar outra vida para copiar? Outra vida para cuidar? Outra vida para fazer intriga? Outra vida para invejar? Já repararam quanto trabalho isso dá?

Quando é que você vai se enxergar – de verdade – e perceber que a sua vida é bem melhor de cuidar do que a dos outros?

Boa sorte, após o primeiro passo, o caminho é sem volta – e acredito que para melhor.