Backspace





Esse ano pouco escrevi. Quase nada. Nada mesmo. Nem numa folha de caderno qualquer. Mesmo que não publique todos os meus textos no Blog, sempre escrevi. Sempre foi uma necessidade colocar para fora as palavras não ditas, inventadas, sonhadas, imaginadas.

Meu Blog é o produto final da minha "esquizofrenia". São palavras que me atormentam e assim são arrumadas, todas elas, em um espaço em branco. Costumo sentir as dores do mundo e me entrego nas profundezas do meu íntimo, do meu subconsciente, da minha loucura.

Mas esse ano não escrevi praticamente nada. A não ser esses pequenos textos publicados desde então.

E se existe uma morte horrível nessa vida é se desprender de si mesma. Ficar oca. Vazia de imaginação. Ficar “acordada” o tempo todo. Deixar de sonhar.

Não escrever – para quem considerada fundamental na vida esse ato – é deixar de existir um pouco.

E esse ano deixei de existir por diversas vezes.

Na tela branca do computador eu me perdia, as palavras não saíam e quando surgiam eram apagadas compulsivamente. Usava o backspace.

No fundo, no fundo eu queria era usar o tal do backspace na minha vida. Apagar algumas feridas, desconhecer pessoas, costurar o rombo desse vazio interno.

Então eu apertava o backspace, muitas das vezes, com tanta força, até quase quebrar o teclado.

Não há botão de backspace para a vida. Não há como nos desconstruírmos, somos a soma de todas as nossas tragédias.

Quero agradecer aos leitores frequentes, anônimos e conhecidos. Recebi muitos e-mails de pessoas queridas que cobraram e sentiram falta da minha “esquizofrenia” por aqui. Não vou citar nomes, mas todos foram essenciais para que eu percebesse que por mais que, algumas vezes, me sinta sozinha, aqui neste meu canto querido, eu não estou.

Eu não escrevo para fantasmas. Escrevo para pessoas de carne e osso, assim como eu, que sofrem, que choram, que se apaixonam, que batalham, que vivem. E que por mais que a vida seja dura, ainda temos tempo para sonhar e falar de amor.

Estou com vários temas para o ano que vem. Espero contar com a companhia de vocês por aqui.

Um feliz 2015, até lá!

Com amor

Juliana Dias


A ida







Desde criança sempre tive muito medo de perder as pessoas que eu amo. Seja por opção de cada um, ou pela morte de alguém querido.

Sempre tive muito medo da ida. O “ir embora”, o  “dar o fora”, o partir...

O próprio nome já diz: partida

Te parte

Te quebra

Te leva

Cada pedacinho seu, até seu corpo se desintegrar. Não é fácil ter que ir embora. Não é fácil o “ir embora” de outrem. Mesmo que não haja outra saída.

Só quem já sentiu a alegria da chegada, sabe a dor da ida.

Sabe aqueles “5 minutinhos” a mais de sono que desejamos todos os dias pela manhã? Deveria ter para a vida. Ficar “5 minutos a mais” com aqueles que foram...

Um último olhar, um último adeus, as últimas palavras.

Se ir embora é difícil. Ficar é muito pior.

A morte do amor





Todo amor morre. Sinto em ser portadora dessa triste e inoportuna notícia, mas todo amor morre. Amores bonitos, impulsivos, cúmplices, rotineiros, juvenis, maduros, impossíveis, platônicos, correspondidos: todos eles morrem. Não importa se são bonitos e sinceros: todos morrerão. De forma súbita ou lenta. Mas a maioria morre mesmo é de “morte matada”.

O amor morre na ignorância e estupidez dos seres humanos. Morre na constante busca pela “massagem no ego”, pela satisfação pessoal em querer e ter sempre alguém diferente. O amor morre quando nos traímos: ao que sentimos, ao que queremos, ao que prometemos. Na verdade o amor morre quando a gente trai a nossa essência. Pior do que trair a confiança do outro é trair a nós mesmos. O amor morre nas palavras não ditas. Nas palavras ditas em excesso. Nos exageros de vaidade. Na ausência, e morre na presença de quem nunca está.

O amor vai morrer e todas as lágrimas secarão. Não há porque escorrer lágrimas de saudades ou ansiedade para o que não existe mais. Não há como sentir falta do que nunca existiu. A saudade, assim como todos os sentimentos que vem juntos com o amor, é viva e lateja por aquilo que respira. Não há como correr sangue pelas veias por algo que morreu. Por um cadáver de sentimento.

Todos os amores morrem e vão para o céu dos sentimentos ou para um lugar bem escondido dentro da nossa alma. A alma guarda e suporta para quem sabe um dia - esse amor - volte a nos fazer acreditar que de alguma forma, a próxima vez será eterna.


Quando é amor...




Um “viva” ao amor que não nos sufoca. Que não nos prende a todo custo. Aquele amor que não “precisa está perto para estar junto”, que mesmo longe compartilha o melhor da vida com você.

Amor que é amor, não precisa de explicação, justificativas ou razões para existir. A gente sente, e pronto. Amor que não nos tira o sorriso, que não nos cobra a perfeição ou coerência. Aliás, coerência para quê?

Amor quando é amor mesmo, entende, espera, supera, sobrevive, resiste. Apesar de tudo, apesar do tempo e apesar dos pesares. Amor quando é amor, não existem “donos”, existem cúmplices, que se admiram, se apoiam, se sentem. Não é preciso estar “lado a lado”. É preciso estar dentro.

Amor quando é junto, é intenso, em dobro, maiúsculo, alegre... Nada mais importa no momento do encontro em um. Somente a vontade de se olhar, sorrir, conversar, se entrelaçar.

Amar não é sofrer. É poder. É ser. E crer que tudo vai dar certo. Que a hora vai chegar, que as mãos dadas serão mais frequentes e sinceras.

Amor quando é amor, não precisa de exposição, de aprovação pública ou “honras públicas ao mérito”. Amor quando é amor é entre dois, que por si só se bastam.

 Como nos diz Fabrício Carpinejar,

“Liberdade na vida é ter um amor para se prender. É aquela vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia e de pés dados durante a noite”.






Que seja leve...




Não sei que graça ou desgraça é essa de necessitar escrever tudo o que sinto. As sensações vêm na minha cabeça e ficam “martelando” até encontrarem um caminho: o computador, a agenda, o celular...

Escrever é uma forma de autoamor. 

Nada mais é do que emprestar a própria atenção a si mesma. É o olhar para dentro, e enxergar o que tem de mais íntimo e criativo dentro de si. Já ouvi por aí que “escrever nos poupa idas ao psiquiatra”. Bem por aí...

Eu tenho um ano inteirinho para me emprestar a vocês. Escrever e reescrever tudo o que estiver sentindo ou imaginando.

Pouparei idas ao psiquiatra. E espero que - com isso - leve alegria e amor com muita poesia a todos vocês.

2014 começou. E que seja leve!